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sexta-feira, junho 8
terça-feira, setembro 5
RELATÓRIO 1a. ETAPA
OFICINA PARA O MAGISTÉRIO INDÍGENA
POVOS DÂW, HUPD'ÄH e YOHUP
Local: Barreira Alta – Médio Rio Tiquié
Data: 18 a 27/07
ASSESSOR:
Professor Doutor do Departamento de Antropologia da Universidade de Pernambuco: Renato Athias.
COORDENAÇÃO:
Secretária de Educação da Semec São Gabriel da Cachoeira: Edilúcia de Freitas.
COLABORADORAS:
Assessora em educação da Saúde Sem Limites para o Projeto "Saúde e Educação entre os Hupd'äh": Lirian Ribeiro Monteiro.
Educadora junto aos Dâw da Aldeia Uaruá: Rosane Mendes
Relatório por
Lirian Ribeiro Monteiro
PERÍODO:
18 a 27 de julho de 2005
Considerações iniciais
Conforme discutido na reunião sobre o magistério indígena específico para a região do Alto Rio Negro-AM, no dia 9 de junho de 2005 na Secretaria Municipal de Educação de São Gabriel da Cachoeira, foi realizada uma oficina para a discussão do magistério com cada família lingüística com a finalidade de construir, em conjunto com os cursistas, a composição da estrutura curricular do curso.
Para os povos Daw, Hupd'äh, Yohup e Nadeb foi escolhido Barreira Alta como local para a realização desta oficina, sendo que as próximas etapas serão em território tradicional dos povos em questão.
Nesta oficina o nosso objetivo foi definir o conteúdo curricular do curso, através da reflexão e discussão do grupo, que pensou a utilidade e significado de cada disciplina e como esta poderá ser apresentada aos cursistas, como por exemplo: para que serve a matemática, línguas, geografia, história, estudos sobre saúde, movimento indígena, metodologia, pesquisa e em que essas disciplinas serão úteis e como deverão ser aplicadas.
A idéia foi discutir a nova proposta do magistério indígena para o município de São Gabriel da Cachoeira e sua importância para uma educação escolar indígena, específica e diferenciada, de qualidade. Partindo desse princípio foi construído nessa oficina o projeto para o Magistério Indígena direcionado aos povos Daw, Hup, Yohup, Nadeb, o que se apresenta nas páginas seguintes.
Proposta para a Oficina de discussão do Magistério Indígena diferenciado para os Hupd'äh, Daw, Yohup e Nadeb.
Um curso de Magistério Indígena (MI) deve ser um curso totalmente voltado para a realidade étnica e cultural dos povos indígenas. Deverá, antes de tudo, possibilitar a reprodução das formas de transmissão de conhecimento, respeitando assim a maneira e o jeito de ser desses povos. Cada etapa deverá levar em consideração os interesses primeiros dos povos indígenas. É um curso que assume o modo de ser dessas populações. A constituição possibilita isso: Art. 215 e a Resolução 03/99 busca implementar essa forma de educação escolar
Proposta Metodológica
A proposta de metodologia das etapas do curso de Magistério Indígena deverá levar em consideração as seguintes estratégias:
a) As ações educativas devem estar voltadas para o fortalecimento político dos povos Hupdah, Yohup, Dow e Nadeb da família lingüística Uaupés-Japurá no sentido de atender suas reivindicações pelo estabelecimento de condições dignas de vida e que seus direitos e necessidades sejam priorizados e atendidos no processo de formação que se apóia no ensino diferenciado, específico e intercultural valorizando os processos próprios de aprendizado;
b) O programa do Curso de Magistério Indígena deve levar em consideração um envolvimento do professor indígena e de sua realidade cultural, econômica, social buscando a efetiva participação de sua realidade escolar e uma interdisciplinaridade no processo de planejamento e execução.
c) O desenvolvimento e implementação do Curso de Magistério Indígena deveria intensificar a busca de parcerias que priorizasse a inter-institucionalidade das atividades deste programa no sentido de garantir sua plena execução.
Conteúdos Programáticos
a) Tratamento integrado dos conteúdos curriculares, aqui entendidos como a formação de um aporte científico e metodológico que possibilite a construção de saber que valorize as especificidades étnicas de cada um dos grupos indígenas;
b) Valorização do patrimônio étnico e cultural das comunidades indígenas reconhecendo seus processos próprios de aprendizagem e suas diversas formas de saber;
c) Reconhecimento das experiências históricas das comunidades indígenas buscando compreender a estrutura de seu pensamento científico;
d) Valorização da pesquisa aplicada como postura pedagógica no processo de construção coletiva de conhecimentos;
e) Aprofundamento da realidade cultural e política das diversas situações em que se encontram os grupos indígenas buscando levar uma leitura crítica dessa realidade.
Momentos do Curso
1º - Saber Ser (dias 18, 19 e 20)
Nesse primeiro momento os cursistas falam sobre eles, quem são, de onde vêm.
Discutem o saber ser professor (Daw, Hup, Yohup).
Trazem os velhos para passar o conhecimento, a ciência, o cultivo da mochiva, que
é do conhecimento dos povos Hupdäh, assim como o curare, veneno de
conhecimento dos Hupd'äh, Daw e Yohup, hoje utilizado pelos dentistas como anestésico ( ou seja, a medicina ocidental se apropriou de uma ciência que é dos povos indígenas).
Trataram dos conhecimentos próprios, da escola e do professor.
2º - Saber Fazer (dias 21, 22 e 23)
Aqui discutiram como deve ser o curso e o que o professor precisa saber para se tornar um profissional de qualidade e atender as necessidades dos alunos e da comunidade.
3º Planejamento do curso ( dias 24 e 25)
Trabalhou-se como, quando e onde deve ser o magistério indígena dos povos em questão, assim como, quais as características que os professores devem ter para ministrar aulas aos cursistas.
4º Produção de textos (dias 26 e 27)
Nesse último momento da oficina produziram histórias sobre suas comunidades, desenharam mapas de seus territórios e suas aldeias. Esse trabalho servirá de subsídio na produção de material didático.
5º Noite cultural
Todas as noites depois da reunião de avaliação do dia, realizamos encontro com os cursistas e toda a comunidade para assistirmos a documentários, ouvir músicas e participar de atividades planejadas pelos próprios cursistas.
Aqui encontramos uma maneira de interagir os cursistas com os moradores locais.
DESENVOLVIMENTO DA OFICINA
18/07
Manhã
Apresentação geral do curso
Entrega dos Crachás e lista de chamada
Estabelecendo regra de convivência
Escolha dos coordenadores cursistas
Atividades:
Saber Ser
a) Divisão dos grupos de trabalho (grupo do papuri, grupo do japu, grupo do tiquié, grupo Yohup, grupo Daw).
A finalidade foi discutir em grupo a partir do questionário (abaixo) entregue a cada cursista e em seguida apresentar aos demais, para somente depois escrever individualmente.
Questionário individual:
Nome
Binhat (nome na língua)
Aldeia
Nome da aldeia na língua
Etnia
Clã
A minha língua
As línguas que eu falo
Onde aprendi
Tarde
Renato e os cursitas desenharam o rio no papel madeira para que, na hora da apresentação de cada um, para que fosse indicado no mapa a localização de cada aldeia.
Foram vinte e seis pessoas que se apresentaram nessa tarde, ficando para o dia seguinte o restante, mais seis pessoas.
19/07
Manhã
Terminamos a apresentação individual.
Renato expôs o próximo passo, que é a discussão da escola.
Edilúcia perguntou a todos qual o sentimento que têm agora ao retomar os estudos com a possibilidade de concluir o ensino médio, depois de tantas desistências.
A partir desse questionamento da secretária de educação, alguns alunos responderam:
"Depois de quatro anos sem estudar me sinto bem ao retornar aos estudos." Virgolino Penedo Pena, da aldeia Santo Atanásio.
"Parei há 10 anos atrás, quero agora conseguir com o magistério, educar os filhos." José Mateus de Salustiano, da aldeia Santa Cruz do Cabari.
"Parei há três anos e retorno agora, quero ser um professor." Moisés Fernandes Araújo da aldeia São Martinho.
Após o depoimento de alguns cursistas, falou-se sobre a missão de cada um, que não é ganhar dinheiro, mas o objetivo maior é ajudar o povo a pensar a educação em suas aldeias.
Iniciamos a discussão da situação escolar dos povos Hupd'äh, Daw e Yohup a partir do questionário lançado (abaixo) como base para discussão em grupos.
Escolaridade
Até que série estudou?
Onde estudei?
Etnia do professor?
Nome da escola?
Situação da escola em sua comunidade
Quem é o professor? Qual a etnia?
Quanto aluno tem?
Até que série tem em sua escola?
Todas as crianças com idade escolar freqüentam a escola?
O que tem dentro da escola?
Como foi construída sua escola?
A partir das perguntas acima foi possível constatar a situação escolar de cada aldeia:
Aldeias onde não há escola
Fátima
Santa Cruz do Turi
Jacaré Banquinho
Pinu Pinu
Santa Cruz do Tiquié
Aldeias onde há escolas Hupd'äh
Nova Fundação
Piracema
Santo Atanásio
Barreira Alta
Taracuá Igarapé
Acará Poço
Santa Cruz do Cabari
Aldeia onde há escola Daw
Waruá
Aldeia onde há escola Yohup
São Martinho.
Em Fátima, onde há 20 casas, existem 38 alunos em idade escolar, sendo que dois estudam o ensino médio em Yauareté e os outros 36 estudam
segunda-feira, setembro 4
Proposta para a 1a. Etapa
Proposta para a Oficina de discussão do
Magistério Indígena diferenciado para OS POVOS Hupdah, Yuhup e Dâw
1ª ETAPA
Local da Oficina: Barreira Alta
Duração: 10 dias
Data prevista: 18 a 28 de julho de 2005
Cursistas: Hupd'äh, Yohupd'äh, Nadob e Dâw
Assessoria: Renato Athias e Liriam Monteiro
Associação Saúde Sem Limites
São Gabriel da Cachoeira, junho de 2005
"Faltando uma tal reflexão sobre o homem, corre-se o risco de adotar métodos educativos e maneiras de atuar que reduzem o homem à condição de objeto. Assim, a vocação do homem é a de ser SUJEITO e não objeto."
Paulo Freire
Magistério Indígena para os povos Hupdah, Dow e Yohup
Considerações iniciais
Um curso de Magistério Indígena (MI) deve ser um curso totalmente voltado para a realidade étnica e cultural dos povos indígenas. Deverá, antes de tudo, possibilitar a reprodução das formas de transmissão de conhecimento, respeitando assim a maneira e o jeito de ser desses povos. Cada etapa deverá levar em consideração os interesses primeiros dos povos indígenas. É um curso que assume o modo de ser dessas populações. A constituição possibilita isso: Art. 215 e a Resolução 03/99 busca implementar essa forma de educação escolar
Proposta Metodológica
A proposta de metotodológica das etapas do curso de Magistério Indígena deverá levar em consideração as seguintes estratégias:
a) As ações educativas devem estar voltadas para o fortalecimento político dos povos Hupdah, Yohup e Dow da família lingüística Uaupés-Japurá no sentido de atender suas reivindicações pelo estabelecimento de condições dignas de vida e que seus direitos e necessidades sejam priorizados e atendidos no processo de formação que se apóia no ensino diferenciado, específico e intercultural valorizando os processos próprios de aprendizado;
b) O programa do Curso de Magistério Indígena deve levar em consideração um envolvimento do professor indígena e de sua realidade cultural, econômica, social buscando a efetiva participação de sua realidade escolar e uma interdisciplinaridade no processo de planejamento e execução.
c) O desenvolvimento e implementação do Curso de Magistério Indígena deveria intensificar a busca de parcerias que priorizasse a inter-institucionalidade das atividades deste programa no sentido de garantir sua plena execução.
Conteúdos Programáticos
a) Tratamento integrado dos conteúdos curriculares, aqui entendidos como a formação de um aporte científico e metodológico que possibilite a construção de saber que valorize as especificidades étnicas de cada um dos grupos indígenas;
b) Valorização do patrimônio étnico e cultural das comunidades indígenas reconhecendo seus processos próprios de aprendizagem e suas diversas formas de saber;
c) Reconhecimento das experiências históricas das comunidades indígenas buscando compreender a estrutura de seu pensamento científico;
d) Valorização da pesquisa aplicada como postura pedagógica no processo de construção coletiva de conhecimentos;
e) Aprofundamento da realidade cultural e política das diversas situações em que se encontram os grupos indígenas buscando levar uma leitura crítica dessa realidade.
Operacionalidade
Conforme foi discutido na reunião sobre o magistério indígena específico para a região do Alto Rio Negro-AM, no dia 9 de junho de 2005 na Secretaria Municipal de Educação de São Gabriel da Cachoeira, será realizada uma oficina para a discussão do magistério com cada família lingüística com a finalidade de construir, em conjunto com os cursistas, a composição da estrutura curricular do curso.
Foi escolhido Barreira Alta como local para a realização do Magistério Indígena Uaupés-Japurá, mas vale ressaltar que esta não é terra tradicional da família lingüística em questão. É importante levar em consideração o direito assegurado aos povos indígenas na constituição de 88, onde há preferência que o processo educacional indígena se faça em seu próprio território.
Pensando nisso será realizada uma assembléia entre os cursistas envolvidos para a definição do local a ser ministrado o Magistério Indígena Uaupés-Japurá, que deverá ser em terra tradicional dos mesmos.
Nesta oficina deverá ser definido o conteúdo curricular do curso, através da reflexão e discussão do grupo, que pensará a utilidade e significado de cada disciplina e como esta poderá ser apresentada aos cursistas, como por exemplo: para que serve a matemática, línguas, geografia, história, estudos sobre saúde, movimento indígena, metodologia, pesquisa e em que essas disciplinas serão úteis e como deverão ser aplicadas.
A idéia é discutir o objetivo do magistério indígena e sua importância para uma educação escolar indígena de qualidade. Partindo desse princípio será importante a discussão dos conteúdos curriculares, do calendário, da metodologia e avaliação para este magistério indígena Uaupés-Japurá, que deverá ser pensado a partir da realidade sócio-cultural desta família lingüística.
OFICINA
1º dia:
Percebendo nossa realidade
Os hupd'ah falam sobre sua realidade na educação, na saúde, no território. Depois podem desenhar sobre o passado e o presente.
Vídeo (Pode Ser "Corpos e Espíritos") já tenho essa fita comigo.
Podemos dividir em grupos e construir textos sobre o que entendemos.
No final unir o conhecimento e propor caminhos para a transformação da realidade.
2ºdia:
A Sociedade Envolvente
Percepção dos cursistas – falar, escrever, desenhar
Falar um pouco sobre a história da sociedade ocidental. Sobre a escola.
Vídeo "Índios no Brasil (já tenho comigo)
Discussão em grupo sobre o documentário
Introdução ao movimento indígena (?)
3ºdia
Educação Escolar Diferenciada Indígena
Conversa com os cursistas. Como era a educação antes da escola. O que a escola trouxe, etc.
Teoria – como começou a educação escolar diferenciada. O que podemos e como podemos aprender na escola diferenciada indígena. Constituição Federal 88. As escolas diferenciadas que estão dando certo.
Reflexão do grupo
Proposta para a escola Hupd'ah.
4º dia
O que é o magistério indígena
Porque magistério indígena uaupés japurá
5º/6º/7º dias (?)
O que se aprende na escola.
Para que serve a matemática, a geografia, as línguas, a história, a pesquisa, as metodologias. Primeiro na visão dos cursistas.
Falar sobre as disciplinas e como elas estão interligadas.
Língua Hup (Cartilha, produção de texto, dicionário...)
Trabalhar com os mapas, com desenhos sobre a região onde os cursistas moram.
Reflexão do grupo sobre essas disciplinas.
Propostas metodológicas para o magistério
Metodologia aplicada na oficina
Prática/realidade- reflexão – teoria – seleção de princípios e métodos para ação futura – nova prática/transformação da realidade.
Material de apoio: Vídeos, materiais básicos, etc.