segunda-feira, setembro 4

Proposta para a 1a. Etapa

Proposta para a Oficina de discussão do

Magistério Indígena diferenciado para OS POVOS Hupdah, Yuhup e Dâw

1ª ETAPA

Local da Oficina: Barreira Alta

Duração: 10 dias

Data prevista: 18 a 28 de julho de 2005

Cursistas: Hupd'äh, Yohupd'äh, Nadob e Dâw

Assessoria: Renato Athias e Liriam Monteiro

Associação Saúde Sem Limites

São Gabriel da Cachoeira, junho de 2005

"Faltando uma tal reflexão sobre o homem, corre-se o risco de adotar métodos educativos e maneiras de atuar que reduzem o homem à condição de objeto. Assim, a vocação do homem é a de ser SUJEITO e não objeto."

Paulo Freire

Magistério Indígena para os povos Hupdah, Dow e Yohup

Considerações iniciais

Um curso de Magistério Indígena (MI) deve ser um curso totalmente voltado para a realidade étnica e cultural dos povos indígenas. Deverá, antes de tudo, possibilitar a reprodução das formas de transmissão de conhecimento, respeitando assim a maneira e o jeito de ser desses povos. Cada etapa deverá levar em consideração os interesses primeiros dos povos indígenas. É um curso que assume o modo de ser dessas populações. A constituição possibilita isso: Art. 215 e a Resolução 03/99 busca implementar essa forma de educação escolar

Proposta Metodológica

A proposta de metotodológica das etapas do curso de Magistério Indígena deverá levar em consideração as seguintes estratégias:

a) As ações educativas devem estar voltadas para o fortalecimento político dos povos Hupdah, Yohup e Dow da família lingüística Uaupés-Japurá no sentido de atender suas reivindicações pelo estabelecimento de condições dignas de vida e que seus direitos e necessidades sejam priorizados e atendidos no processo de formação que se apóia no ensino diferenciado, específico e intercultural valorizando os processos próprios de aprendizado;

b) O programa do Curso de Magistério Indígena deve levar em consideração um envolvimento do professor indígena e de sua realidade cultural, econômica, social buscando a efetiva participação de sua realidade escolar e uma interdisciplinaridade no processo de planejamento e execução.

c) O desenvolvimento e implementação do Curso de Magistério Indígena deveria intensificar a busca de parcerias que priorizasse a inter-institucionalidade das atividades deste programa no sentido de garantir sua plena execução.

Conteúdos Programáticos

a) Tratamento integrado dos conteúdos curriculares, aqui entendidos como a formação de um aporte científico e metodológico que possibilite a construção de saber que valorize as especificidades étnicas de cada um dos grupos indígenas;

b) Valorização do patrimônio étnico e cultural das comunidades indígenas reconhecendo seus processos próprios de aprendizagem e suas diversas formas de saber;

c) Reconhecimento das experiências históricas das comunidades indígenas buscando compreender a estrutura de seu pensamento científico;

d) Valorização da pesquisa aplicada como postura pedagógica no processo de construção coletiva de conhecimentos;

e) Aprofundamento da realidade cultural e política das diversas situações em que se encontram os grupos indígenas buscando levar uma leitura crítica dessa realidade.

Operacionalidade

Conforme foi discutido na reunião sobre o magistério indígena específico para a região do Alto Rio Negro-AM, no dia 9 de junho de 2005 na Secretaria Municipal de Educação de São Gabriel da Cachoeira, será realizada uma oficina para a discussão do magistério com cada família lingüística com a finalidade de construir, em conjunto com os cursistas, a composição da estrutura curricular do curso.

Foi escolhido Barreira Alta como local para a realização do Magistério Indígena Uaupés-Japurá, mas vale ressaltar que esta não é terra tradicional da família lingüística em questão. É importante levar em consideração o direito assegurado aos povos indígenas na constituição de 88, onde há preferência que o processo educacional indígena se faça em seu próprio território.

Pensando nisso será realizada uma assembléia entre os cursistas envolvidos para a definição do local a ser ministrado o Magistério Indígena Uaupés-Japurá, que deverá ser em terra tradicional dos mesmos.

Nesta oficina deverá ser definido o conteúdo curricular do curso, através da reflexão e discussão do grupo, que pensará a utilidade e significado de cada disciplina e como esta poderá ser apresentada aos cursistas, como por exemplo: para que serve a matemática, línguas, geografia, história, estudos sobre saúde, movimento indígena, metodologia, pesquisa e em que essas disciplinas serão úteis e como deverão ser aplicadas.

A idéia é discutir o objetivo do magistério indígena e sua importância para uma educação escolar indígena de qualidade. Partindo desse princípio será importante a discussão dos conteúdos curriculares, do calendário, da metodologia e avaliação para este magistério indígena Uaupés-Japurá, que deverá ser pensado a partir da realidade sócio-cultural desta família lingüística.

OFICINA

1º dia:

Percebendo nossa realidade

Os hupd'ah falam sobre sua realidade na educação, na saúde, no território. Depois podem desenhar sobre o passado e o presente.

Vídeo (Pode Ser "Corpos e Espíritos") já tenho essa fita comigo.

Podemos dividir em grupos e construir textos sobre o que entendemos.

No final unir o conhecimento e propor caminhos para a transformação da realidade.

2ºdia:

A Sociedade Envolvente

Percepção dos cursistas – falar, escrever, desenhar

Falar um pouco sobre a história da sociedade ocidental. Sobre a escola.

Vídeo "Índios no Brasil (já tenho comigo)

Discussão em grupo sobre o documentário

Introdução ao movimento indígena (?)

3ºdia

Educação Escolar Diferenciada Indígena

Conversa com os cursistas. Como era a educação antes da escola. O que a escola trouxe, etc.

Teoria – como começou a educação escolar diferenciada. O que podemos e como podemos aprender na escola diferenciada indígena. Constituição Federal 88. As escolas diferenciadas que estão dando certo.

Reflexão do grupo

Proposta para a escola Hupd'ah.

4º dia

O que é o magistério indígena

Porque magistério indígena uaupés japurá

5º/6º/7º dias (?)

O que se aprende na escola.

Para que serve a matemática, a geografia, as línguas, a história, a pesquisa, as metodologias. Primeiro na visão dos cursistas.

Falar sobre as disciplinas e como elas estão interligadas.

Língua Hup (Cartilha, produção de texto, dicionário...)

Trabalhar com os mapas, com desenhos sobre a região onde os cursistas moram.

Reflexão do grupo sobre essas disciplinas.

Propostas metodológicas para o magistério

Metodologia aplicada na oficina


Prática/realidade- reflexão – teoria – seleção de princípios e métodos para ação futura – nova prática/transformação da realidade.

Material de apoio: Vídeos, materiais básicos, etc.

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