Proposta para a Oficina de discussão do
Magistério Indígena diferenciado para OS POVOS Hupdah, Yuhup e Dâw
1ª ETAPA
Local da Oficina: Barreira Alta
Duração: 10 dias
Data prevista: 18 a 28 de julho de 2005
Cursistas: Hupd'äh, Yohupd'äh, Nadob e Dâw
Assessoria: Renato Athias e Liriam Monteiro
Associação Saúde Sem Limites
São Gabriel da Cachoeira, junho de 2005
"Faltando uma tal reflexão sobre o homem, corre-se o risco de adotar métodos educativos e maneiras de atuar que reduzem o homem à condição de objeto. Assim, a vocação do homem é a de ser SUJEITO e não objeto."
Paulo Freire
Magistério Indígena para os povos Hupdah, Dow e Yohup
Considerações iniciais
Um curso de Magistério Indígena (MI) deve ser um curso totalmente voltado para a realidade étnica e cultural dos povos indígenas. Deverá, antes de tudo, possibilitar a reprodução das formas de transmissão de conhecimento, respeitando assim a maneira e o jeito de ser desses povos. Cada etapa deverá levar em consideração os interesses primeiros dos povos indígenas. É um curso que assume o modo de ser dessas populações. A constituição possibilita isso: Art. 215 e a Resolução 03/99 busca implementar essa forma de educação escolar
Proposta Metodológica
A proposta de metotodológica das etapas do curso de Magistério Indígena deverá levar em consideração as seguintes estratégias:
a) As ações educativas devem estar voltadas para o fortalecimento político dos povos Hupdah, Yohup e Dow da família lingüística Uaupés-Japurá no sentido de atender suas reivindicações pelo estabelecimento de condições dignas de vida e que seus direitos e necessidades sejam priorizados e atendidos no processo de formação que se apóia no ensino diferenciado, específico e intercultural valorizando os processos próprios de aprendizado;
b) O programa do Curso de Magistério Indígena deve levar em consideração um envolvimento do professor indígena e de sua realidade cultural, econômica, social buscando a efetiva participação de sua realidade escolar e uma interdisciplinaridade no processo de planejamento e execução.
c) O desenvolvimento e implementação do Curso de Magistério Indígena deveria intensificar a busca de parcerias que priorizasse a inter-institucionalidade das atividades deste programa no sentido de garantir sua plena execução.
Conteúdos Programáticos
a) Tratamento integrado dos conteúdos curriculares, aqui entendidos como a formação de um aporte científico e metodológico que possibilite a construção de saber que valorize as especificidades étnicas de cada um dos grupos indígenas;
b) Valorização do patrimônio étnico e cultural das comunidades indígenas reconhecendo seus processos próprios de aprendizagem e suas diversas formas de saber;
c) Reconhecimento das experiências históricas das comunidades indígenas buscando compreender a estrutura de seu pensamento científico;
d) Valorização da pesquisa aplicada como postura pedagógica no processo de construção coletiva de conhecimentos;
e) Aprofundamento da realidade cultural e política das diversas situações em que se encontram os grupos indígenas buscando levar uma leitura crítica dessa realidade.
Operacionalidade
Conforme foi discutido na reunião sobre o magistério indígena específico para a região do Alto Rio Negro-AM, no dia 9 de junho de 2005 na Secretaria Municipal de Educação de São Gabriel da Cachoeira, será realizada uma oficina para a discussão do magistério com cada família lingüística com a finalidade de construir, em conjunto com os cursistas, a composição da estrutura curricular do curso.
Foi escolhido Barreira Alta como local para a realização do Magistério Indígena Uaupés-Japurá, mas vale ressaltar que esta não é terra tradicional da família lingüística em questão. É importante levar em consideração o direito assegurado aos povos indígenas na constituição de 88, onde há preferência que o processo educacional indígena se faça em seu próprio território.
Pensando nisso será realizada uma assembléia entre os cursistas envolvidos para a definição do local a ser ministrado o Magistério Indígena Uaupés-Japurá, que deverá ser em terra tradicional dos mesmos.
Nesta oficina deverá ser definido o conteúdo curricular do curso, através da reflexão e discussão do grupo, que pensará a utilidade e significado de cada disciplina e como esta poderá ser apresentada aos cursistas, como por exemplo: para que serve a matemática, línguas, geografia, história, estudos sobre saúde, movimento indígena, metodologia, pesquisa e em que essas disciplinas serão úteis e como deverão ser aplicadas.
A idéia é discutir o objetivo do magistério indígena e sua importância para uma educação escolar indígena de qualidade. Partindo desse princípio será importante a discussão dos conteúdos curriculares, do calendário, da metodologia e avaliação para este magistério indígena Uaupés-Japurá, que deverá ser pensado a partir da realidade sócio-cultural desta família lingüística.
OFICINA
1º dia:
Percebendo nossa realidade
Os hupd'ah falam sobre sua realidade na educação, na saúde, no território. Depois podem desenhar sobre o passado e o presente.
Vídeo (Pode Ser "Corpos e Espíritos") já tenho essa fita comigo.
Podemos dividir em grupos e construir textos sobre o que entendemos.
No final unir o conhecimento e propor caminhos para a transformação da realidade.
2ºdia:
A Sociedade Envolvente
Percepção dos cursistas – falar, escrever, desenhar
Falar um pouco sobre a história da sociedade ocidental. Sobre a escola.
Vídeo "Índios no Brasil (já tenho comigo)
Discussão em grupo sobre o documentário
Introdução ao movimento indígena (?)
3ºdia
Educação Escolar Diferenciada Indígena
Conversa com os cursistas. Como era a educação antes da escola. O que a escola trouxe, etc.
Teoria – como começou a educação escolar diferenciada. O que podemos e como podemos aprender na escola diferenciada indígena. Constituição Federal 88. As escolas diferenciadas que estão dando certo.
Reflexão do grupo
Proposta para a escola Hupd'ah.
4º dia
O que é o magistério indígena
Porque magistério indígena uaupés japurá
5º/6º/7º dias (?)
O que se aprende na escola.
Para que serve a matemática, a geografia, as línguas, a história, a pesquisa, as metodologias. Primeiro na visão dos cursistas.
Falar sobre as disciplinas e como elas estão interligadas.
Língua Hup (Cartilha, produção de texto, dicionário...)
Trabalhar com os mapas, com desenhos sobre a região onde os cursistas moram.
Reflexão do grupo sobre essas disciplinas.
Propostas metodológicas para o magistério
Metodologia aplicada na oficina
Prática/realidade- reflexão – teoria – seleção de princípios e métodos para ação futura – nova prática/transformação da realidade.
Material de apoio: Vídeos, materiais básicos, etc.
Nenhum comentário:
Postar um comentário